domingo, 20 de dezembro de 2015

Desalento do Colibri


Desalento do Colibri
01/05/2015

Colibri, o sou,
Leve pouso,
Repouso,
No botão
Ouso.
Doce beijo,
Na flor amara,
Minha tara,
Já não me brota,
Me arrota,
Derrota meu biquinho!

Vento me leva,
Sol me fina,
Flor me cai,
Liberta a sina
Amarga mofina.

Sina assassina,
Virgulina,
Do som que não me faz,
Nem nada me traz,
Nem me ama mais.

Meles, tua chacina!
Deles me faz fel,
Sem anel,
Nem anelo,
Só martelo.

Teu perfume
Não me lume,
Me entorta,
Me recorta,
Me afina.

Feminina,
Elimina
Meu verso,
Meu universo,
Meu traverso.

Desvaloriza,
Capitaliza,
Leva minha brisa,
Extingue a estrela,
Cala minha tela,
Cai a minha flor.

Colibri, o sou,
Desterrado de flor,
Empeçonhado
Com o dissabor
Do que me era doce.

Musa que não me traz,
Nem me namorar faz,
Nem me ama mais.

Minha sina,
Minha menina,
Minha assassina!

Não me importa,
Colibri, o sou,
Leve pouso,
Repouso,
No botão
Ouso.


Redondo mundo
Onde a prata vale,
Fali-me os borbotões.
Rotundo fundo,
Onde me atraca, me fali,
Valha-me uns bofetões.

Negra flor maldita,
Jorra-me ganância,
Tange-me em tuas pétalas.
Fantasmática bonita,
Atrela a substância
No meu seio, biquinho.

Encardido teu chão
De mentiras eleitas,
Preferido do cão,
Do roto, torto,
Recanto perfeito,
Onde cai o morto.

Já não há vozerio,
Das turbas massas
Só há o patusco
Das velhas manhas.

Não me importa,
Colibri, o sou,
Leve pouso,
Repouso,
No botão
Ouso.

©Wagner Ortiz
Todos os direitos reservados.
BN Reg. 178-2/299-3

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