terça-feira, 11 de agosto de 2009

Que olho! Uma lição by Celso Mathias


Oi amigos homo litteras!! Andando pelos blog interessantes descobri um super pintor e muito sensível artista, o Celso Mathias, assim, além do seu talento maravilhoso e suas obras, há ainda esse grande depoimento que faço questão de divulgar. Isso que é uma verdadeira lição de arte!!! Confiram! Vale a pena visitar o blog desse artista http://artedecelsomathias.blogspot.com/

Vamos a história:

Um dia, há uns anos atrás, eu (Celso Mathias) morava no bairro do Méier, e resolvi pegar meu cavalete e sair pelas ruas tentando encontrar algo interessante para pintar.

Parei em uma rua próxima a um viaduto e comecei a pintar um conjunto de árvores em uma casa.

Algum tempinho depois quando eu já estava quase no final da pintura, parou um mendigo ao meu lado e ficou me observando pintar.

Não demorou em ele fazer um comentário sobre a pintura. Que comentário!!

- “Essa árvore que você está pintando não é aquela que está lá”.

Parei na mesma hora e olhei para ele meio que não entendendo o que ele dizia. E ele de novo:

- “Essa árvore que você está pintando não é aquela que está lá”.

Olhei para o quadro, olhei para a árvore retratada e...

- “Não é? Por quê?”.

- Essa árvore aqui na tela é uma amendoeira e aquela é uma mangueira. Veja como você a pintou.

Ele se despediu e foi embora.

Naquela hora o chão se abriu em um misto de alegria e perplexidade.

Era isso mesmo. Eu estava pintando uma mangueira com suas folhas bem pequenas com pinceladas largas e estava saindo uma amendoeira com suas folhas grandes.

Deixei o quadro como estava para sempre me lembrar disso, fechei o cavalete e fui embora.

Fiquei o dia inteiro pensando naquele homem. Que olho ele tinha!!!

Foi uma tremenda lição de vida e de arte. Acho que nunca mais fui o mesmo artista depois daquele dia. Comecei a entender que uma coisa era pintar e a outra era “VER”.

O artista pode ser perfeito na técnica, mas se não tiver o “olho” não adianta nada, vai ficar só bonitinha a pintura e mais nada.

É preciso enxergar o que está por trás da tela ou o que a natureza quer revelar.

É só começar a treinar o olho. A se abrir pro novo, a experimentar as coisas que estão ao seu redor quando se anda nas ruas ou em qualquer parte.

É um jogo de sedução infinito. As cores brincam com a gente. As formas gritam aos nossos ouvidos e os detalhes que antes não se percebia, agora emergem das esquinas.

A meu ver, é isso que se constitui uma verdadeira obra de arte e não apenas preencher com tinta uma tela.

A meu ver, é isso que faz a grande diferença e que imortalizou pintores como VanGogh, Rembrandt, Matisse ou Picasso e tantos outros. O OLHO!!

Ficava pensando porque entre milhões e milhões de pintores no mundo na história da arte, apenas uma centena ou duas se destacaram como gênios? O Olho! Onde outros não tiveram e se contentaram em apenas preencher telas e não pintá-las verdadeiramente, eles pintaram o que estava por trás dos seus modelos ou paisagem!! Rembrandt pintou a alma de seus retratados, Van Gogh olhou além da linha do horizonte, Picasso transcendeu os limites físicos da tela e Matisse olhou as cores e formas como nenhum outro havia olhado antes.


QUE OLHO!!!



Celso Mathias

3 comentários:

Renata disse...

Excelente texto, Wagner! E nos faz pensar que o "olho", não precisa ser apenas aquele par que usamos para enxergar, mas é preciso ter "olho" para tudo nesta vida, bem no lugar do coração!

Wagner Ortiz disse...

Quem diria, nós falando de olho e você me pega uma baita conjuntivite heim????!!!!!!!

Wagner Ortiz disse...

PS: Ainda bem que não foi conjuntivite no olho do coração! Afe!!! Um abraço!